quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

MOVIMENTO OPERÁRIO

Movimento operário no século XIX
Movimento operário no século XIX: à esquerda, o anarquista Bakunin; e à direita, o comunista Marx
CRONOLOGIA: 
 1780: Início do processo de industrialização na Grã-Bretanha.
1789: Inicia-se a Revolução Francesa
Entre 1789 e 1848: Europa e América inundadas por especialistas, máquinas a vapor e maquinarias para algodão e investimentos britânicos,
Década de 1830: As artes e literatura passam a abordar a questão da Revolução Industrial e a ascensão da sociedade capitalista.
A partir da década de 1840: A classe operária, com acesso às obras socialistas como, por exemplo, O manifesto comunista, passa a se rebelar mais intensamente.
1848: Revoluções de cunho socialista mudam o conceito de revolução de liberalismo para socialismo.

TRECHOS E DOCUMENTOS DE ÉPOCA:
 A canção dos tecelões de Lyon (França), citada por Eric Hobsbawn em sua obra A Era das Revoluções: “Pour gouverner il faut avoir Manteaux ou ruban em sautoir (bis) Nous em tissons pour vous, grands de la terre, Et nous, pauvres canuts, sans drap on nous enterre. C’est nous les canuts Nous sommes tout nus. (bis) Mais notre règne arrivera Quand votre règne finira. Alors nous tisserons lê linceul du vieux monde Car on entend dèjá la revolte qui gronde. C’est nous les canuts Nous n’irons plus nus.”
 “Para governar é preciso ter Mantos ou condecorações em brasões Nós os tecemos para vós, grandes da terra, E nós, pobres operários, sem roupa, somos enterrados. Somos nós os canuts ( operários) Nós estamos nus. Porém, quando chegar nosso reino Quando vosso reino terminar Então nós teceremos a mortalha do velho mundo Porque já se percebe a revolta que troa Somos nós os canuts ( operários) Não estaremos mais nus.”
 Reflexão de A. de Toqueville, extraída da obra A Era das Revoluções de Eric J. Hobsbawn:
 “Desta vala imunda a maior corrente da indústria humana flui para fertilizar o mundo todo. Deste esgoto imundo jorra o ouro puro. Aqui a humanidade atinge o seu mais completo desenvolvimento e sua maior brutalidade, aqui a civilização faz milagres e o homem civilizado torna-se quase um selvagem.”
 – A. de Toqueville a respeito de Manchester.

(TOQUEVILLE, A. de, Journeys to England and Ireland, ed. Mayer, 1958, p. 107-8.)

 Entrevista realizada com o pai de duas meninas menores de idade à época:
 “1. Pergunta: A que horas vão as menores à fábrica?
Resposta: Durante seis semanas foram às três horas da manhã e voltaram às dez horas da noite.
2. Pergunta: Quais os intervalos concedidos durante as dezenove horas, para descansar ou comer? Resposta: Quinze minutos para o desjejum, meia hora para o almoço e quinze minutos para beber.
3. Pergunta: Tinha muita dificuldade para despertar suas filhas?
Resposta: Sim. A princípio, tínhamos que sacudi-las para despertá-las e se levantarem, bem como vestirem-se antes ir ao trabalho.
4. Pergunta: Quanto tempo dormiam?
Resposta: Nunca se deitavam antes das onze horas, depois de lhes dar algo que comer, e então, minha mulher passava toda a noite em vigília ante o temor de não despertá-las na hora certa.
5. Pergunta: A que horas eram despertadas?
Resposta: Geralmente, minha mulher e eu nos levantávamos às duas horas da manhã para vesti-las.
6. Pergunta: Então, somente tinham quatro horas de repouso?
Resposta: Escassamente quatro.
7. Pergunta: Quanto tempo durou essa situação?
Resposta: Umas seis semanas.
8. Pergunta: Trabalhavam desde as seis horas da manhã até às oito e meia da noite?
Resposta: Sim, é isso.
9. Pergunta: As menores estavam cansadas com esse regime?
Reposta: Sim, muito. Mais de uma vez ficaram adormecidas com a boca aberta. Era preciso sacudi-las para que comessem.
10. Pergunta: Suas filhas sofreram acidentes?
Resposta: Sim, a maior, a primeira vez que foi trabalhar, prendeu o dedo em uma engrenagem e esteve cinco semanas no hospital de Leeds.
11. Pergunta: Recebeu o salário durante esse tempo?
Resposta: Não, desde o momento do acidente, cessou o salário.
12. Pergunta: Suas filhas foram remuneradas?
Resposta: Sim, ambas.
13. Pergunta: Qual era o salário em semana normal?
Resposta: Três shillings por semana, cada uma.
14. Pergunta: E quando faziam horas suplementares?
 Resposta: Três shillings e sete pences e meio.”.

(NASCIMENTO, Amauri Mascaro, “A indignação do trabalho subordinado”, IN: Curso de Direito do Trabalho, Saraiva, São Paulo,1992, pág. 11-12.) 

SUGESTÕES DE FILMES:
 Germinal – retrata a situação dos trabalhadores das minas de carvão na França.
Tempos Modernos – situando-se num período um pouco mais à frente, Charlie Chaplin retrata a produção em série do trabalho nas fábricas.

BIBLIOGRAFIA: 
 RODRIGUES, Antonio Edmilson Martins, “As Revoluções Burguesas”, IN: O século XX – O tempo das incertezas – Da formação do capitalismo à Primeira Grande Guerra, FILHO, Daniel Aarão Reis, FERREIRA, Jorge, ZENHA, Celeste (org.), Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
DOWBOR, Ladislau, “Acumulação do capital”, IN: O que é CAPITAL, Abril Cultural / Brasiliense, São Paulo, 1985, Coleção Primeiros Passos. ANTUNES, Ricardo L. C., “O advento do capitalismo e o papel dos sindicatos” e “O nascimento do sindicalismo e das lutas operárias: os trade-unions”, IN: O que é SINDICALISMO, Abril Cultural / Brasiliense, São Paulo, 1985, Coleção Primeiros Passos. HOBSBAWN, Eric J., “A Revolução Industrial”, “A carreira aberta ao talento” e “Os trabalhadores pobres”, IN: A Era das Revoluções: 1789 – 1848.”, Paz e Terra, São Paulo, 2005.
CODO, Wanderley. “O que é alienação”, IN: O que é ALIENAÇÃO, Nova Cultural / Brasiliense, São Paulo, 1986, Coleção Primeiros Passos. DICIONÁRIO DO PENSAMENTO MARXISTA, BOTTOMORE, Tom (editor), Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1983
THOMPSON, E. P. “Plantando a árvore da liberdade”, IN: A formação da classe operária inglesa – A árvore da liberdade, Paz e Terra, São Paulo, 2004, Volume 1. GIDDENS, Anthony, “As obras da Juventude Marx”, IN: Capitalismo e Moderna Teoria, Presença, Lisboa, 1994. NASCIMENTO, Amauri Mascaro, “A indignação do trabalho subordinado”, IN: Curso de Direito do Trabalho, Saraiva, São Paulo,1992. [1] F. Engels, Conditions of the working class in England, capítulo XII.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

SOCIEDADE NO ANTIGO REGIME

SOCIEDADE NO ANTIGO REGIME
1º ESTADO: CLERO
Leis próprias e tribunal privativo (Direito canónico sob a autoridade pontifícia);
Isenção de serviço militar; 
Isenção no pagamento de impostos; 
Cobrava a dízima. 
Ocupavam altos cargos na corte e na administração pública e eram responsáveis pelo ensino.

2º ESTADO: NOBREZA
Luís XIV foi o símbolo real do Estado Nacional ModernoPor nascimento detinham poder fundiário; 
Exerciam funções militares e altos cargos políticos e administrativos. 
 Tipos de Nobreza: 
Nobreza rural ou de solar;
Nobreza cortesã 
Nobreza de espada; 
Nobreza de sangue; 
Nobreza de toga 
 Privilégios 
1. Isenção do pagamento de impostos ao Estado; 
2. Foro privado; 
3. Cobrança de direitos senhoriais; 
4. Desempenho de altos cargos político-administrativos.
TERCEIRO ESTADO
Características:
 Composta pelos estratos não privilegiados;
 Inferior na consideração publica e nos cargos;
 Prejudicada nas sanções penais e no pagamento de impostos. Estratos no interior do 3º Estado:
 Os camponeses (estrato maioritário): rendeiros, foreiros, jornaleiros e artesãos;
 Burguesia: Mercadores e financeiros, letrados, mesteirais, assalariados não qualificados;
 Marginais: mendigos, vagabundos, salteadores, meretrizes,;
 Grupos étnicos: judeus e ciganos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

AS GRANDES FRASES DA REVOLUÇÃO FRANCESA

"É uma revolta?" "Não, Majestade, é uma revolução." (diálogo entre Luis XVI e o duque de Liancourt, após a queda da Bastilha)

 "O difícil não é fazer, mas controlar uma revolução" (Mirabeau)

 "Às armas, às armas" (Desmoulins incitando o povo no Palais-Royal a enfrentar as tropas reais, 12/07/1789)

 "A árvore da Liberdade só cresce bem quando regada com o sangue dos reis" (Barrère, justificando a execução de Luís XVI)

 "A burguesia e o povo fizeram a Revolução: somente sua união pode defendê-la" (J. Pétion, prefeito de Paris, 1792)

 "Os desordeiros são aqueles que tudo querem nivelar, as propriedades, a riqueza, os preços... querem que o trabalho receba a remuneração do legislador... querem nivelar até os talentos, os conhecimentos, as virtudes, porque eles nada têm de tudo isso" (Brissot, atacando os "sans-culottes" e as comunas na Convenção)

 "A liberdade não passa de um fantasma quando uma classe de homens pode esfaimar a outra, impunemente." (J. Roux, condenando a Constituição do Ano I)

 "É pela violência que se deve estabelecer a liberdade, e este momento exige a organização do despotismo da liberdade" (Marat, defendendo a criação do Comitê da Salvação Pública, 1793)

 "O Terror é a luta da liberdade contra seus inimigos" (Robespierre)

 "Não se pode fazer uma revolução, sem a revolução" (Robespierre)

 "Sem a virtude, o Terror é fatal; sem o Terror, a virtude é impotente" (Robespierre)

 "Sejamos terríveis, para que o povo não o seja" (Danton)

 "Temo que a Revolução, como Saturno, acabe devorando seus filhos" (Vergniaud, atacando o radicalismo jacobino, 1793)

 "Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome" (Mme. Roland, ao ser presa em 1793)

domingo, 16 de fevereiro de 2014

D. MIGUEL - UM ESBOÇO BIOGRÁFICO

por Marisa Maia
 Querido por uns, odiado por outros, D. Miguel constitui figura marcante de um dos mais críticos períodos da História portuguesa, soberano efémero de um tempo que não era o seu. Filho de D. João VI de Portugal e da rainha D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz, em 26 de Outubro de 1802. 
Devido às Invasões Francesas, partiu com a corte para o Brasil em 1807, onde foi educado pelo Visconde de Santarém. 
Com a vitória sobre os Franceses e na sequência da Revolução liberal, o rei decidiu regressar ao pais, tendo chegado a Lisboa em Julho de 1821. 
D. Miguel tinha então 19 anos. 
Uma vez que o rei jurara a Carta Constitucional, os dirigentes do movimento absolutista verificaram desde logo que só através da rainha e do infante D. Miguel, que também defendiam o Absolutismo, poderiam pensar ter algum apoio para a sua causa, uma vez que o rei, praticava uma governação equilibrada, sem demonstrar pretender ir contra o movimento liberal.
 A Vilafrancada 
 Os liberais por não estarem unidos e devido a algumas medidas tomadas contra a nobreza e o clero, bem como a independência do Brasil, precipitaram o pais num clima de instabilidade que provocou muito descontentamento. Por tudo isto foi fácil aos absolutistas pegar em armas e proclamar a restauração do Absolutismo, em Vila Franca de Xira. Foi a Vilafrancada em 27 de Maio de 1823. 
Na proclamação de D. Miguel, que a seguir se transcreve, podem encontrar-se todos os motivos que o levavam a assumir a liderança do movimento: o rei ultrajado, transformado num «fantasma» sem poder efectivo, os membros da nobreza e clero atacados nos seus direitos e regalias, etc. "A força dos males nacionais, já sem limites, não me deixou escolher: a honra não me permitiu ver por mais tempo em vergonhosa inércia a majestade real, ultrajada e feita ludíbrio dos facciosos, todas as classes da nação com diabólico estudo deprimidas, e todos nós o desprezo da Europa e do mundo, por um sofrimento que passaria a cobardia; e em lugar dos primitivos direitos nacionais que vos prometeram recobrar em 24 de Agosto de 1820, deram-vos a sua ruína, o rei reduzido a um mero fantasma; a magistratura diáriamente despojada e ultrajada; a nobreza, à qual se agregaram sucessivamente os cidadãos beneméritos e à qual deveis vossa glória nas terras de África e nos mares da Ásia, reduzida ao abatimento, despojada do lustre que outrora obtivera do reconhecimento real; a religião e seus ministros objecto de mofa e escárnio. Que é uma nação quando sofre ver-se assim aviltada?
 Eia, portugueses, uma mais longa prudência seria infâmia. Já os generosos transmontanos nos precederam na luta; vinde juntar-vos ao estandarte real que levo em minhas mãos; libertemos o rei e Sua Majestade livre dê uma Constituição a seus povos; fiemo-nos em seus paternais sentimentos; e ela será tão alheia do despotismo como da licença; assim reconciliará a nação consigo mesmo e com a Europa civilizada. 
 Acho-me no meio de valentes e briosos portugueses, decididos como eu a morrer ou a restituir Sua Majestade à sua liberdade e autoridade, e a todas as classes seus direitos. 
Não hesiteis, eclesiásticos e cidadãos de todas as classes, vinde auxiliar a causa da religião, da realeza e de vós todos: e juremos não tornar a beijar a real mão senão depois de Sua Majestade estar restituído à sua autoridade. Não acrediteis que queremos restaurar o despotismo, operar reacções ou tomar vinganças; juremos pela religião e pela honra que só queremos a união de todos os portugueses e um total esquecimento das opiniões passadas." Informado pelos seus conselheiros do que se estava a passar, D. João VI foi ter com seu filho e embora submetendo-o à sua autoridade, fá-lo comandante do exército, restitui os poderes retirados à rainha, manda libertar os presos políticos e nomeia outro governo.
 O entusiasmo provocado por estas medidas foi tão grande entre os absolutistas e a população descontente que ao chegar a Lisboa o coche real, foi abordado por cerca de 40 militares que desatrelaram os cavalos e puxaram eles mesmo o coche. Um jornal da época, a Gazeta de Lisboa, publicou até uma lista com os seus nomes. 
Dias mais tarde foi publicado no mesmo jornal, um anúncio anedótico em que se indicava que «... no dia 24 do corrente mês se há-de arrematar em hasta pública umas parelhas de bestas que puxaram o carrinho de el-rei quando mudou de bestas a Arroios.».
 Esse número do jornal foi retirado da circulação e o seu redactor demitido, mas a partir de então os ultra realistas foram denominados de burros, pelos liberais.
 A Abrilada 
 No entanto o rei não tomava o partido dos absolutistas e assim sucederam-se as tentativas para o depor. 
A primeira, em 26 de Outubro de 1823, segundo um plano da rainha, pretendia depor D. João VI, prendê-lo em Vila Viçosa e colocar D. Miguel no trono. Todavia o plano fracassou. Em Fevereiro de 1824 um dos conselheiros do rei foi assassinado em Salvaterra, mas sem mais consequências. 
Na Abrilada em 30 de Abril de 1824, D. Miguel fez reunir as tropas de Lisboa no Rossio. Na proclamação que então foi lida às tropas, referiam-se tentativas de assassínio da família real por parte dos liberais (pedreiros livres) e a necessidade de os destruir para alterar a situação e voltar à ordem. "Soldados! Se o dia 27 de Maio de 1823 raiou sobremaneira maravilhoso, não será menos o de 30 de Abril de 1824; antes um e outro irão tomar distinto lugar nas páginas da história lusitana; naquele deixei a capital para derrubar uma facção desorganizadora, salvando o trono e o excelso rei, a família real e a nação inteira, dando mais um exemplo de virtude à sagrada religião que professamos, como verdadeiro sustentáculo da realeza e da justiça; e neste farei triunfar a grande obra começada, dando-lhe segura estabilidade, esmagando de uma vez a pestilenta cá fila dos pedreiros livres, que aleivosamente projectava alçar a mortífera foice para acabar e de todo extinguir a reinante casa de Bragança. Soldados! 
Foi para este fim que vos chamei às armas, plenamente convencido da firmeza do vosso carácter, da vossa lealdade e do decidido amor pela causa do rei. Soldados! 
Sejais dignos de mim, que o infante D. Miguel, vosso comandante em chefe, o será de vós. Viva el-rei nosso senhor, viva a religião católica romana, viva a rainha fidelíssima, viva a real família, viva o brioso exército português, viva a nação, morram os malvados pedreiros livres." 
 A pretexto das tentativas para assassinar a família real, mandou que o rei fosse mantido no Palácio da Bemposta e ordenou que os seus conselheiros fossem presos, bem como alguns liberais moderados. Tudo isto levou a que alguns dos embaixadores estrangeiros tomassem medidas que permitissem libertar o rei. Desta forma conseguiram que ele se refugiasse num navio inglês ancorado no Tejo. Foi daí que D. João VI, com a situação já mais controlada, ordenou que D. Miguel e a rainha saíssem de Portugal. A 13 de Maio de 1824 o infante D. Miguel parte para o exílio em Viena, a pretexto de uma visita de estudo.
 A rainha primeiro pedindo para ser julgada e mais tarde dizendo que estava doente, acabou por não deixar o país. 
Para a vigiar e aos seus partidários, foi criada uma Polícia Secreta.
 A Regência e a Proclamação como Rei
 Nestes anos agitados, D. João VI procurou sempre não tomar medidas frontalmente contra absolutistas ou liberais para não criar mais problemas.
 No entanto a situação política era grave e mais uma tentativa fracassada de revolta ocorreu em 26 de Outubro de 1824. D. João VI morreu em 10 de Março de 1826, não sem antes ter decidido que a regência interina passasse para a sua filha infanta Isabel Maria e não para a rainha. 
Apesar de D. Pedro, que era imperador do Brasil e filho mais velho de D. João VI, ter sido aclamado rei de Portugal como D. Pedro IV, nem brasileiros, nem portugueses queriam a reunião das duas coroas e assim D. Pedro abdicou a favor de sua filha, Maria da Glória, que tinha então apenas 7 anos, na condição de ela casar com seu tio D. Miguel, ficando este como regente do reino até que a futura rainha tivesse 18 anos. 
 Entretanto e porque D. Pedro decretara uma amnistia e criara uma nova Carta Constitucional, os liberais gritavam vitória, enquanto os absolutistas pensavam que ao fim e ao cabo tudo tinha ficado na mesma. 
Assim, os absolutistas começaram por pôr em causa se D. Pedro alguma vez poderia ser rei, uma vez que traíra Portugal ao dar a independência ao Brasil e como tal, nessa situação, não poderia dar o trono à sua filha. Desta forma, só D. Miguel poderia ser rei. 
 Foi no meio de toda esta situação que D. Miguel regressou a Portugal, entrando em Lisboa a 22 de Fevereiro de 1828. A 26 de Fevereiro jura a Carta Constitucional e assume a regência. 
O ambiente que se vivia era muito conturbado e devido às pressões dos seus conselheiros e com alguns apoios do estrangeiro, dissolveu as Cortes e voltou a convocá-las mais tarde à maneira antiga. 
Foi assim que restaurou o absolutismo e foi proclamado como rei D. Miguel I, em Julho de 1828. 
 A proclamação de D. Miguel levou a que os países estrangeiros retirassem os seus embaixadores, mas em 1829 todos regressaram e reconheceram o novo rei, com excepção da Inglaterra, França e Áustria. 
Os liberais tentaram uma revolta militar que fracassou e o novo regime começou perseguições, prendendo e matando muitos dos liberais, tendo outros que fugir para o estrangeiro. 
No entanto, o governo do qual faziam parte alguns ministros pouco competentes, cometia muitos erros na sua política e a situação do país piorou ainda mais. 
 A Guerra Civil 
 Entretanto e vendo a situação, D. Pedro enviara D. Maria para Inglaterra, onde estavam exilados muitos dos liberais que tinham fugido do país.Com algum do dinheiro enviado do Brasil para os liberais exilados, foi organizada uma expedição que desembarcou na ilha Terceira, nos Açores, para se reunir a outros liberais que se tinham revoltado contra D. Miguel. 
 Os Absolutistas tentaram conquistar a ilha, mas acabaram por ser os liberais quem conquistou as restantes ilhas dos Açores. 
Mais tarde, D. Pedro que entretanto abdicara do trono do Brasil para seu filho, juntou-se aos outros liberais na Terceira e formando uma nova expedição desembarcou com as suas tropas perto do Porto, em 1832, tomando a cidade quase sem luta. 
Começava um período de 2 anos de guerra civil no Continente. 
 No princípio a guerra era mais favorável aos Absolutistas que tinham um exército de 80.000 homens contra cerca de 7.500 dos Liberais. 
Todavia a direcção das operações foi quase sempre dos Liberais, que lutando por um ideal novo e contando com os melhores advogados, médicos, cientistas, escritores e jovens oficiais da sociedade portuguesa, conseguiam compensar essa diferença conseguindo captar a simpatia de muita população.
 Lutavam além disso, por poderem viver na sua terra. Depois de alguma confusão inicial, os Absolutistas organizaram-se e foram cercar o Porto, num cerco que durou mais de um ano. Os Liberais, pretendendo retomar a iniciativa, decidiram atacar uma outra zona do país, de maneira a evitar que as as melhoras tropas dos Absolutistas estivessem todas no Porto. Assim, foi enviada uma pequena esquadra de navios que desembarcou no Algarve. Entretanto a frota Liberal derrotara a frota Absolutista e isso levou a que muitos dos soldados Absolutistas começassem a desertar. Com esta situação as tropas Liberais marcharam para Lisboa, onde derrotaram o exército miguelista e tomaram a cidade no dia seguinte. Perante esta situação, D. Miguel que estava com as suas melhores tropas no cerco do Porto, levantou o cerco e dirigiu-se para Lisboa para tentar reconquistar a capital. No entanto, encontrou pelo caminho, as tropas Liberais, que o venceram em diversos combates, dos quais os principais foram em Almoster e Asseiceira. 
Com todas estas derrotas e esgotados os recursos, só restava a D. Miguel render-se com as suas tropas. 
Esta rendição foi assinada e definida num documento conhecido como Concessão de Évora-Monte, assinado em 26 de Maio de 1834 que decretava entre outros aspectos: Amnistia geral de todos os crimes políticos; 
O regresso livre dos vencidos às respectivas casas; 
A posse de todas as suas fazendas e bens pessoais, mas não os podendo vender sem consentimento das Cortes;
 Teriam que ser entregues todas as armas; 
Eram mantidas aos oficiais as patentes que tinham em 1828 e o pagamento de metade dos soldos, desde que aceitassem a autoridade dos vencedores; 
Garantia-se aos funcionários civis e religiosos miguelistas, uma indemnização pela irradiação dos seus cargos; D. Miguel teria que se exilar no estrangeiro, não podendo regressar a Portugal ou qualquer nos seus domínios, recebendo uma pensão anual de 60 contos. Muitos dos Liberais não concordaram com os termos desta rendição e queriam que não houvesse qualquer generosidade com os vencidos. 
Foi assim que D. Pedro foi insultado e apupado no dia seguinte à assinatura da concessão de Évora-Monte, no Teatro S. Carlos, por liberais exaltados que não lhe perdoavam a forma branda como, no seu entender, foram tratados os absolutistas e principalmente D. Miguel. Fortemente escoltado até Sines, para que não fosse vítima de qualquer ataque, abandonou o país em 1 de Junho de 1834 com destino a Génova, na Itália. 
Ao chegar manifestou-se contra a concessão, repudiando a sua assinatura e perdeu o direito à pensão estipulada. 
 Afastado de todos os assuntos portugueses pouco mais restava a D. Miguel, que lhe permitisse sonhar com a possibilidade de voltar a reinar. Os tempos tinham mudado definitivamente. 
Casou em 1851 com Adelaide de Lowenstein-Wertheim-Rosenberg, da qual teve 7 filhos: Maria das Neves (1852-1941), Miguel (1853-1927), Maria Teresa (1855-1944), Maria José (1857-1943), Aldegundes (1858-1946) e Maria Antónia (1862-1959). 
 Faleceu na Áustria, em 14 de Novembro de 1866. 
O seu corpo regressou a Portugal em 1966.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

CARACTERÍSTICAS DO BARROCO

O Barroco é considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e à Contra Reforma, distingue-se pelo esplendor exuberante.
Na Pintura as características são as seguintes: 
A ronda nocturna
(De Nachtwacht)
AutorRembrandt
Data1642
TécnicaÓleo sobre tela
Dimensões359 cm × 438 cm
LocalizaçãoRijksmuseumAmesterdão
Objectivo de deslumbramento Surpresa… encenação…luz. Integrando um “espectáculo”
- A pintura barroca caracteriza-se pela irracionalidade
- Ansia de novidade
- Exuberância
- Gosto pelo infinito
 - Dramatismo
 - Heterogeneidade estilística
- Diversidade temática: temas religiosos, profanos, mitológicos, retratos, paisagem, etc.
- Representação do momento
- Sobreposição de formas sinuosas e dinâmicas
- Linha do horizonte abaixo do normal
-União plástica de luz/sombra/cor constrói um espaço que focaliza e define os principais elementos, diluindo os elementos na penumbra.
- A luz é rasante e focalizada, chama a atenção do espectador …orientado a leitura da obra.
Na Escultura as características são as seguintes: 
Arte mais praticada e difundida do barroco
- Rigor da execução (herdado do Renascimento)
- Realismo e naturalismo formal
- Composições livres e abertas
- Anatomia das figuras
 - Proporções
- Pormenores caprichosos
- Expressividade das personagens
- Acentuando gestos, expressões faciais e corporais
- Maior dramatismo
- Cenas em representação com posições em movimento, de instável equilíbrio
-Panejamentos volumosos e agitados
- Contraste das texturas Esculpidas para serem admiradas de um ou dois pontos de observação
 Na Arquitectura as características são as seguintes: 

Linhas opostas umas às outras
- Jogos de claro-escuro e fachadas com elementos estruturais clássicos
- Colunas torças e duplas como elemento decorativo
- Frontões centrais nas fachadas dos edifícios
- Busca da fantasia e do movimento Antítese entre espaços interiores e exteriores
- As plantas das igrejas apresentam grande diversidade de formas: - Curvas, elípticas, ovais, trapezoidais e estreladas Coberturas com cúpulas sustentadas no exterior por contrafortes decorados com volutas
Na arquitectura civil, construção de palácios citadinos -Vilas de reis, pontífices, nobres, alta burguesia. - Plantas em forma de U ou duplo U
- O palácio está em articulação com o meio envolvente.
- Os palácios integraram-se nas cidades com ruas e avenidas rectas,
Largas praças, jardins luxuriantes, fontes extravagantes.
-Surpreendentes fachadas dos palácios com escadarias ritmadas.
 - A arte do jardim redescoberta no Renascimento, foi desenvolvida e enriquecida com bosques
Quanto à arquitetura sacra, as proporções antropomórficas das colunas renascentistas foram duplicadas, para poder percorrer sem interrupções as novas fachadas de pavimento duplo, segundo o modelo da construção de Il Gesú, em Roma, primeira igreja da Contra-Reforma.
 Igreja de Il Gesú - Vignola y Giacomo della Porta 
Roma - século XVI 
 A partir de 1630, começam a proliferar as plantas elípticas e ovaladas de dimensões menores. Isso logo se transformaria numa das características arquitetónicas típicas do barroco.
São as igrejas de Maderno e Borromini, nas quais as formas arredondadas substituíram as angulosas e as paredes parecem se curvar de dentro para fora e vice-versa, numa sucessão côncava e convexa, dotando o conjunto de um forte dinamismo.
O barroco Joanino 
 Em Portugal, o barroco atingiu o seu esplendor na primeira metade do século XVIII, com D.João V.

O Rococó:
é um movimento artístico nascido na França, no início do século XVIII, cerca de 1715. O fenômeno é uma vertente oriunda do Barroco; porém, diferente no ponto de vista. O termo rococó vem do francês rocaille, que quer dizer, concha. Essas, cumprem funções de decoração, que engloba as áreas da arquitetura e da ornamentação de objetos