quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

MOVIMENTO OPERÁRIO

Movimento operário no século XIX
Movimento operário no século XIX: à esquerda, o anarquista Bakunin; e à direita, o comunista Marx
CRONOLOGIA: 
 1780: Início do processo de industrialização na Grã-Bretanha.
1789: Inicia-se a Revolução Francesa
Entre 1789 e 1848: Europa e América inundadas por especialistas, máquinas a vapor e maquinarias para algodão e investimentos britânicos,
Década de 1830: As artes e literatura passam a abordar a questão da Revolução Industrial e a ascensão da sociedade capitalista.
A partir da década de 1840: A classe operária, com acesso às obras socialistas como, por exemplo, O manifesto comunista, passa a se rebelar mais intensamente.
1848: Revoluções de cunho socialista mudam o conceito de revolução de liberalismo para socialismo.

TRECHOS E DOCUMENTOS DE ÉPOCA:
 A canção dos tecelões de Lyon (França), citada por Eric Hobsbawn em sua obra A Era das Revoluções: “Pour gouverner il faut avoir Manteaux ou ruban em sautoir (bis) Nous em tissons pour vous, grands de la terre, Et nous, pauvres canuts, sans drap on nous enterre. C’est nous les canuts Nous sommes tout nus. (bis) Mais notre règne arrivera Quand votre règne finira. Alors nous tisserons lê linceul du vieux monde Car on entend dèjá la revolte qui gronde. C’est nous les canuts Nous n’irons plus nus.”
 “Para governar é preciso ter Mantos ou condecorações em brasões Nós os tecemos para vós, grandes da terra, E nós, pobres operários, sem roupa, somos enterrados. Somos nós os canuts ( operários) Nós estamos nus. Porém, quando chegar nosso reino Quando vosso reino terminar Então nós teceremos a mortalha do velho mundo Porque já se percebe a revolta que troa Somos nós os canuts ( operários) Não estaremos mais nus.”
 Reflexão de A. de Toqueville, extraída da obra A Era das Revoluções de Eric J. Hobsbawn:
 “Desta vala imunda a maior corrente da indústria humana flui para fertilizar o mundo todo. Deste esgoto imundo jorra o ouro puro. Aqui a humanidade atinge o seu mais completo desenvolvimento e sua maior brutalidade, aqui a civilização faz milagres e o homem civilizado torna-se quase um selvagem.”
 – A. de Toqueville a respeito de Manchester.

(TOQUEVILLE, A. de, Journeys to England and Ireland, ed. Mayer, 1958, p. 107-8.)

 Entrevista realizada com o pai de duas meninas menores de idade à época:
 “1. Pergunta: A que horas vão as menores à fábrica?
Resposta: Durante seis semanas foram às três horas da manhã e voltaram às dez horas da noite.
2. Pergunta: Quais os intervalos concedidos durante as dezenove horas, para descansar ou comer? Resposta: Quinze minutos para o desjejum, meia hora para o almoço e quinze minutos para beber.
3. Pergunta: Tinha muita dificuldade para despertar suas filhas?
Resposta: Sim. A princípio, tínhamos que sacudi-las para despertá-las e se levantarem, bem como vestirem-se antes ir ao trabalho.
4. Pergunta: Quanto tempo dormiam?
Resposta: Nunca se deitavam antes das onze horas, depois de lhes dar algo que comer, e então, minha mulher passava toda a noite em vigília ante o temor de não despertá-las na hora certa.
5. Pergunta: A que horas eram despertadas?
Resposta: Geralmente, minha mulher e eu nos levantávamos às duas horas da manhã para vesti-las.
6. Pergunta: Então, somente tinham quatro horas de repouso?
Resposta: Escassamente quatro.
7. Pergunta: Quanto tempo durou essa situação?
Resposta: Umas seis semanas.
8. Pergunta: Trabalhavam desde as seis horas da manhã até às oito e meia da noite?
Resposta: Sim, é isso.
9. Pergunta: As menores estavam cansadas com esse regime?
Reposta: Sim, muito. Mais de uma vez ficaram adormecidas com a boca aberta. Era preciso sacudi-las para que comessem.
10. Pergunta: Suas filhas sofreram acidentes?
Resposta: Sim, a maior, a primeira vez que foi trabalhar, prendeu o dedo em uma engrenagem e esteve cinco semanas no hospital de Leeds.
11. Pergunta: Recebeu o salário durante esse tempo?
Resposta: Não, desde o momento do acidente, cessou o salário.
12. Pergunta: Suas filhas foram remuneradas?
Resposta: Sim, ambas.
13. Pergunta: Qual era o salário em semana normal?
Resposta: Três shillings por semana, cada uma.
14. Pergunta: E quando faziam horas suplementares?
 Resposta: Três shillings e sete pences e meio.”.

(NASCIMENTO, Amauri Mascaro, “A indignação do trabalho subordinado”, IN: Curso de Direito do Trabalho, Saraiva, São Paulo,1992, pág. 11-12.) 

SUGESTÕES DE FILMES:
 Germinal – retrata a situação dos trabalhadores das minas de carvão na França.
Tempos Modernos – situando-se num período um pouco mais à frente, Charlie Chaplin retrata a produção em série do trabalho nas fábricas.

BIBLIOGRAFIA: 
 RODRIGUES, Antonio Edmilson Martins, “As Revoluções Burguesas”, IN: O século XX – O tempo das incertezas – Da formação do capitalismo à Primeira Grande Guerra, FILHO, Daniel Aarão Reis, FERREIRA, Jorge, ZENHA, Celeste (org.), Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
DOWBOR, Ladislau, “Acumulação do capital”, IN: O que é CAPITAL, Abril Cultural / Brasiliense, São Paulo, 1985, Coleção Primeiros Passos. ANTUNES, Ricardo L. C., “O advento do capitalismo e o papel dos sindicatos” e “O nascimento do sindicalismo e das lutas operárias: os trade-unions”, IN: O que é SINDICALISMO, Abril Cultural / Brasiliense, São Paulo, 1985, Coleção Primeiros Passos. HOBSBAWN, Eric J., “A Revolução Industrial”, “A carreira aberta ao talento” e “Os trabalhadores pobres”, IN: A Era das Revoluções: 1789 – 1848.”, Paz e Terra, São Paulo, 2005.
CODO, Wanderley. “O que é alienação”, IN: O que é ALIENAÇÃO, Nova Cultural / Brasiliense, São Paulo, 1986, Coleção Primeiros Passos. DICIONÁRIO DO PENSAMENTO MARXISTA, BOTTOMORE, Tom (editor), Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1983
THOMPSON, E. P. “Plantando a árvore da liberdade”, IN: A formação da classe operária inglesa – A árvore da liberdade, Paz e Terra, São Paulo, 2004, Volume 1. GIDDENS, Anthony, “As obras da Juventude Marx”, IN: Capitalismo e Moderna Teoria, Presença, Lisboa, 1994. NASCIMENTO, Amauri Mascaro, “A indignação do trabalho subordinado”, IN: Curso de Direito do Trabalho, Saraiva, São Paulo,1992. [1] F. Engels, Conditions of the working class in England, capítulo XII.

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